Candonga era um lugar meio perdido no mato do tempo.
Já fazia século que a atividade econômica minguara por alí.
Depois do fim do ouro de aluvião das Minas Gerais, o caminho pipocou de fazendas de café. Mas depois o café também não deu como no início.
Por fim veio a cana de açúcar que deixou imensas chaminés de tijolo vermelho à beira da estrada. Resquícios das usinas.
Outros resquícios de tudo isto é o povo.
Os indios botocudos foram aniquilados pelas guerras fomentados por Guido Marlière. Os restantes, ermos, morreram de doença mesmo. Desapareceram e seu único vestígio é um raro sentimento de culpa.
Os brancos estudaram seus filhos em Belo Horizonte ou nos bons colégios de padre de Ponte Nova e hoje recebem sua aposentadoria.
Mas quem são estes que ficaram? Que rostos da cor do café são estes que se voltam curiosos para a lente de Felipe?
São uns esquecidos. Suas memórias não fazem parte do acervo cultural brasileiro. Suas casas merecem o tombamento dos tratores e não o do Decreto.
Suas memórias serão afogadas pelo Lago de Candonga pois é melhor a luz das hidroelétricas a iluminar nosso futuro do que o negrume destas paredes a nos penitenciar pelo passado.
Faça-se a luz para não vermos nossas vergonhas. Candongas.
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Candonga era um lugar meio perdido no mato do tempo.
Já fazia século que a atividade econômica minguara por alí.
Depois do fim do ouro de aluvião das Minas Gerais, o caminho pipocou de fazendas de café. Mas depois o café também não deu como no início.
Por fim veio a cana de açúcar que deixou imensas chaminés de tijolo vermelho à beira da estrada. Resquícios das usinas.
Outros resquícios de tudo isto é o povo.
Os indios botocudos foram aniquilados pelas guerras fomentados por Guido Marlière. Os restantes, ermos, morreram de doença mesmo. Desapareceram e seu único vestígio é um raro sentimento de culpa.
Os brancos estudaram seus filhos em Belo Horizonte ou nos bons colégios de padre de Ponte Nova e hoje recebem sua aposentadoria.
Mas quem são estes que ficaram? Que rostos da cor do café são estes que se voltam curiosos para a lente de Felipe?
São uns esquecidos. Suas memórias não fazem parte do acervo cultural brasileiro. Suas casas merecem o tombamento dos tratores e não o do Decreto.
Suas memórias serão afogadas pelo Lago de Candonga pois é melhor a luz das hidroelétricas a iluminar nosso futuro do que o negrume destas paredes a nos penitenciar pelo passado.
Faça-se a luz para não vermos nossas vergonhas. Candongas.
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