04 October 2005

candonga



1 comment:

Anonymous said...

Candonga era um lugar meio perdido no mato do tempo.

Já fazia século que a atividade econômica minguara por alí.

Depois do fim do ouro de aluvião das Minas Gerais, o caminho pipocou de fazendas de café. Mas depois o café também não deu como no início.

Por fim veio a cana de açúcar que deixou imensas chaminés de tijolo vermelho à beira da estrada. Resquícios das usinas.

Outros resquícios de tudo isto é o povo.

Os indios botocudos foram aniquilados pelas guerras fomentados por Guido Marlière. Os restantes, ermos, morreram de doença mesmo. Desapareceram e seu único vestígio é um raro sentimento de culpa.

Os brancos estudaram seus filhos em Belo Horizonte ou nos bons colégios de padre de Ponte Nova e hoje recebem sua aposentadoria.

Mas quem são estes que ficaram? Que rostos da cor do café são estes que se voltam curiosos para a lente de Felipe?

São uns esquecidos. Suas memórias não fazem parte do acervo cultural brasileiro. Suas casas merecem o tombamento dos tratores e não o do Decreto.

Suas memórias serão afogadas pelo Lago de Candonga pois é melhor a luz das hidroelétricas a iluminar nosso futuro do que o negrume destas paredes a nos penitenciar pelo passado.

Faça-se a luz para não vermos nossas vergonhas. Candongas.